Você acorda de manhã, dá uma olhada no relógio e a realidade caí sobre sua cabeça: em mais ou menos uma hora você vai estar na quadra com a cabeça fora do torneio, um jogador que devolve até a sombra. E isso era a última coisa que você queria fazer. Você não dormiu bem, e está com uma dor de cabeça.
O jeito que você precisa se sentir para jogar bem, e o jeito que você está se sentindo no momento da competição, pode ser bem diferente. Muitas vezes, essa diferença requer que você se tone um ator, que você represente um sentimento que você não esteja sentindo.
Vamos supor que você esteja com uma moleza incrível, ou que você teve um dia terrível no trabalho. Ao invés de entrar na quadra relaxado e confiante, você se arrasta para a linha de fundo com a cabeça baixa uma cara feia. Você não está apensas se sentindo cansado e incomodado, mas você está se parecendo desta maneira. Sem surpresa alguma, seu comportamento vai interferir com sua habilidade de jogar seu melhor tênis.
A ligação entre emoções e o corpo físico é uma entrada de mão dupla, ou seja, flui em ambos os sentidos: sentimentos provocam mudanças no seu comportamento, e seu comportamento provoca mudanças na maneira que você se sente. Uma vez um artigo num jornal profissional dizia que havia uma relação entre o movimento dos músculos faciais e as emoções. O movimento dos músculos faciais podem estimular emoções. Por exemplo, se você fizer cara de zangado, vai disparar a base química da raiva. Logo, você vai se sentir zangado.
Atores profissionais usam esta técnica o tempo todo. Robert de Niro pode ler um roteiro e trazê-lo para a vida real instantaneamente. Se um papel exige que ele fique triste ou deprimido, ele pode provocar estas emoções só de pensar num evento trágico do passado. Esta é uma tarefa muito parecida com a de um jogador de tênis. Você também tem um roteiro específico. Você quer mostrar energia positiva, luta, determinação e confiança. E todos estes sentimentos podem ser representados.
Jimmy Connors era um excelente ator, um verdadeiro “showman”. No US Open de 1991, que ele chegou nas semis, aos 39 anos, durante os jogos, ele foi até a camera de TV e conversou com o comentarista Vitas Gerulaitis, ao buscar uma bola bem colocada, ele caíu sentado no colo de um espectador e tomou um gole da coca – cola dele, e toda vez após vencer pontos importantes ele dava socos no ar. Ele sabia que estava representando. Ele também sabia que a platéia não estava nem aí se ele estivesse de mau humos ou se não havia dormido bem na noite anterior. A platéia que ver você desempenhar.
Você acha que os profissionais sempre se sentem bem na quadra? Sempre se sentem cheios de energia? Você acha que eles estão sempre super a fim de jogar? È claro que não. Eles são humanos como todos nós, se sentem como nós nos sentimos. Um ator ruim na quadra não consegue seguir o roteiro; ele mostra as emoções que ele está sentindo, se for medo ou desânimo. Os melhores lutadores são aqueles jogadores que apresentam uma imagem poderosa. Eles não mostram suas fraquezas. E muitas vezes eles estão representando estas emoções, porque eles não se sentem assim o tempo todo.
Eu digo aos meus jogadores que para se tornarem bons atores eles precisam treinar extrair emoções que os tornem poderosos. Eles tem que usar imagens para despertar estas emoções.
Os melhores competidores sempre representam as emoções que eles necessitam para o sucesso. Os jogadores mais jovens com os quais trabalho, são durões na quadra. Eles representam um papel que eles esperam que vai faze-los agüentar um pouco um game difícil. Representar papéis contribui para preparar seu corpo para despertar as emoções que ocorrem quando você está jogando o seu melhor. Estas habilidades, como aquelas do ator, são habilidades treinadas. O que o Connors faz entre os pontos é representar as emoções que ele sabe que são críticas para o seu sucesso competitivo. Todo jogador pode se tornar um ator. Você quer representar o papel de um lutador com tanta vontade que você move toda a química do seu corpo naquela direção. Você quer entrar na quadra pronto para vencer.