Anna Kournikova jogou. Pete Sampras, Martina Hingis, Jenifer Capriati e Tracy Austin também. Jogar uma idade acima está na moda entre os juvenis. Mas vale a pena? Talvez sim, talvez não. Os atletas acima se deram bem, pois eram muito talentosos entre os da mesma idade. Mas a maioria dos juvenis não possui todo este talento. Na minha opinião, eu acho que jogar idade acima só é válido quando o atleta tem dominado a sua categoria no ranking nacional. Isso quer dizer, ganhar vários títulos nacionais ou alcançar um ranking de top 3 do país.
Esses atletas especiais, subiram no ranking nacional na velocidade da luz. Pete Sampras chegou à final do nacional (EUA) de 18 anos quando tinha apenas 16 anos. Jennifer Capriati se tornou a jogadora mais jovem ao vencer o nacional (EUA) de 18 anos (13 anos). Martina Hingis, com 12 anos, se tornou a jogadora mais jovem da história a vencer o título juvenil de Roland Garros. E aos 14 anos, Anna Kournikova venceu o Orange Bowl de 18 anos e o European Championships de 18 anos. O grande problema é que os pais muitas vezes acreditam que seus filhos precisam seguir as pegadas destes fenômenos para ter sucesso no juvenil e no profissional. Mas jogar idades acima pode provocar conseqüências desastrosas. Para começar, pode atrapalhar para que o atleta se torne mentalmente mais forte. A razão é simples: jogar contra garotos mais velhos já vem com a desculpa se perder.
Se a Mariazinha (13 anos) perde para a Joaninha (17 anos), a Mariazinha diz: “Não tem problema, ela tem 17 anos”. Há uma coisa a ser dita quando se ganha um torneio da própria idade: ao mesmo tempo que a confiança aumenta, se aprende “como” vencer. Se não aprender a vencer no juvenil, é muito mais difícil mais tarde. E quando se joga na própria idade, existe a pressão: você tem que ganhar! E se o atleta, jogando contra jogadores mais velhos, maiores, mais fortes, mais rápidos, começar a levar alguns ralos, ele pode ser desmoralizado e ter a confiança fortemente abalada.
Também, quando se joga contra jogadores mais fortes, não se tem a oportunidade de desenvolver outros aspectos do jogo (novas jogadas, novas táticas, etc). A preocupação toda está em sobreviver e colocar a bola do outro lado. No oposto, o jogador que joga a própria idade e tem algumas rodadas fáceis, pode trabalhar em outros aspectos do seu jogo (novas jogadas), tentar um saque e voleio ou aquele ataque de esquerda top spin.
E não se esqueça que existe uma importante diferença entre os sexos. Fisicamente, as meninas se desenvolvem mais rápido que os meninos, se dando melhor nas idades maiores. A Hingis quando virou profissional com 14 anos, já possuía golpes de calibre profissional. A maioria das meninas nessa idade ainda não tem os hormônios para desenvolver o saque ou a velocidade. Todo mundo tem seu ritmo, sua própria velocidade. Não tenha pressa. Lembre-se: tênis não é uma corrida para ver quem chega primeiro, mas um desafio para ver quem consegue chegar lá.